domingo, 31 de maio de 2009

Eqüitação, Arte e Dança


A equitação, a arte e a dança podem se relacionar no momento em que as pessoas adquirem mais qualidade nas suas experiências corporais. Para adquirir mais qualidade é necessário que haja uma consciência proprioceptiva, um tipo de sensibilidade própria em relação ao seu corpo. Na arte, na dança e na equitação o corpo pode experimentar sensações e sentimentos juntamente com uma percepção vívida do instante presente.


Joseph Campbell, estudioso de mitilogia e religião comparativa, afirma que uma imagem mítica está relacionada a anatomia corporal. A serpente da mitologia seria a medula espinhal, por exemplo. Os mitos seriam padrões genéticos que se inscrevem na linguagem social dos contos e histórias. Para o autor as respostas corporais são formas de conhecimento, seria como uma pessoa saber algo sem saber explicar o que sabe, uma intuição. Para Campbell, se separamos a experiência somática da linguagem iremos tentar compreender nossa experiência por meio de símbolos. Para ele o mito pode ser compreendido pela imediatez da experiência, que transcende a realidade social. Esta seria a qualidade da experiência corporal, algo fundamental para que sejam evocadas inúmeras imagens e imaginações da nossa memória ancestral que está inscrita no corpo de cada pessoa. As diversas imagens ativadas pelo movimento proprioceptivo consciente podem ser chamadas “imagens arquetípicas”, pois fazem parte da experiência ancestral coletiva e vivenciá-la seria uma “experiência mítica” fora do tempo objetivo.


Quando a experiência da equitação ganha esta qualidade da consciência proprioceptiva, podemos relacioná-la com o mito formador do saber interno, feito de experiências conscientes e da imaginação. O centauro de nossa mitologia e sua realidade corporal pode ser resgatado na experiência da equitação através do movimento que acontece sobre o cavalo. O corpo humano naturalmente busca novos modos de se equilibrar na equitação, pois o cérebro detecta o ambiente "desequilibrado" e reage buscando novos modos de ação dos músculos, dos pesos e da força que se exerce sobre o cavalo. Experimentar estes movimentos desenvolve em nós criatividade e integração do pensamento com a emoção, assim como sensorialidade e intuição. Com este exercício podemos desenvolver uma autonomia não só muscular como também emocional. Desta forma, a equitação pode tornar-se arte e dança, ou se relacionar com a arte e a dança se executados com movimentos conscientes.

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