segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Resgate da Experiência: O benefício da dúvida


Na aula de arquearia montada fui presenteada com o “benefício da dúvida”. Num dos circuitos em que cavalgamos sem rédeas e com o arco e flechas na mão na tentativa de acertar os alvos daquele percurso, em determinado momento eu vi minha flecha acertando o alvo, ouvi o som e até comemorei, como é costume entre arqueiros, como valorizar do grande feito. Até que chegou a hora de desmontar dos cavalos e catar as flechas para que um novo circuito possa acontecer. Foi neste momento que recebi o “presente da dúvida”. Não era a minha flecha que tinha acertado o centro do alvo, era do meu pai. - Como assim? Me perguntei. - Será que peguei uma flecha dele por engano? Até que ele confirmou que aquele alvo foi dele mesmo, que ele se lembra de ter acertado... Estava claro que não foi eu quem acertou a alvo, mas quem em mim acreditou nisso... Minhocas e mais minhocas revolvendo o solo da imaginação... Até que em um novo circuito aconteceu a mágica, ILUSÃO DE ÓTICA, a flecha fez tudo igualzinho a flecha anterior, atravessou o alvo, porém passou dele e se tivesse alguma flecha naquele alvo eu teria certeza de que era minha. Mas estou longe de acertar o alvo, só a sorte pode me beneficiar de um acerto, pois neste momento ainda estou desenvolvendo outras habilidades, o diálogo com o cavalo, a minha consciência da cavalgada e do manuseio do arco e flechas, ou seja, estou como que me-acertando-comigo-mesma-sobre-o-cavalo e estou indo muito bem neste quesito. Meu pai disse que o Dom Domec, o cavalo desta aula de arquearia, só dá aquilo que o cavaleiro pede, ou seja, se a cavaleiro não sabe pedir, nada vai ganhar, a não ser um passa lerdo e preguiçoso, quando muito. Mas eu consegui pedi a ele impulso, ímpeto e velocidade e ele me respondeu. Fui elogiada por isso. Daqui a algumas aulas, quem sabe, talvez já possa me sentir a vontade sobre o cavalo e com o arco e flecha e aí então, posso pensar em ganhar o alvo.




Passei a ter muita atenção a tudo depois de ter ganho o benefício da dúvida, portanto a Ilusão de ótica era uma excelente explicação para o ocorrido. Juntei-me aos cavaleiros na sobra para pegar mais flechas e esperar minha vez novamente e disse ao meu pai sobre a tal ilusão de ótica relacionada ao pseudo acerto ao alvo e ele disse: "wishful thinking". Acho que sou eu mesma... "wishfulthinker"...

É incrível como achar que acertou o alvo e acertar o alvo é a mesma coisa olhando por um certo aspecto, fiquei tão esfuziante ao achar que acertei aquela tal alvo, que virei uma “anta” na rodada seguinte, errei tudo, tudo, tudo. Na próxima sombrinha pude compartilhar meu desucesso com os outro a arqueiros. Falamos então que arquearia é zen, ou pode ser, dependedo da atitude do arqueiro, pois para o arqueiro zen a batalha é interna, ainda que seja vista, exercitada e experimentada externamente. Se descobri o benefício da dúvida, descobri conjuntamente o desbenefício do (de) ser esfuziante. É com calma e concentração que devemos nos mover, independentes dos resultado... A dúvida nos põe a refletir (!) (?) (...) Mas eu já refletia antes, quando o acerto parecia certo e meu rendimento despencou... Até o próximo "Resgate da Experiência" na Coudelaria Desempenho (Escola de Equitação e Arquearia Montada).

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Trilha em Cachoeiras de Macacu revela paixão de Charles Darwin por cavalgadas


Foto: André Galeno


Abaixo links à uma Matéria do Jornal O Globo sobre a Trilha Charles Darwin em Cachoeiras de Macacu, um vídeo de uma das cavalgadas e o roteiro com o percurso realizado em 7 dias:


sábado, 12 de setembro de 2009

... o presente de um organismo surge em cada instante como uma transformação do presente do organismo nesse instante. O futuro de um organismo nunca está determinado em sua origem (Maturana).


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Cavaleiro & Amazona
Nômade
Um novo modo de pensar o mundo e as relações com as pessoas, os animais e a natureza.

sábado, 15 de agosto de 2009

O Resgate da experiência equestre na construção de conhecimento




O que chamamos de Resgate da experiência pode se dar em qualquer âmbito da vida, pois este Resgate se refere à possibilidades de construção de conhecimento próprio do sujeito pela reflexão sobre alguma experiência, pela conscientização das imagens e sentimentos ativados durante determinada atividade. O Resgate também é um modo de tornar vívido um aprendizado, que sem ser lembrado e expresso ficaria solto e desamarrado; somente um potencial na construção da trama do tecido singular daquele individuo. O que consideramos ser um Resgate é uma forma de criação e construção do que chamamos "conhecimento de si".


De tudo que tiveres percorrido

extrai um pensamento

para digerir bem este dia.

[Sêneca]...


A importância que atribuímos a este Resgate da experiência da equitação se situa na relação singular que se estabelece entre o cavaleiro e o cavalo. Esta relação inter-espécie propicia um diálogo contínuo entre cavaleiro e cavalo; ou melhor, entre instâncias inerentes ao cavaleiro que se conectam e interagem com outras instâncias inerente ao cavalo, formando um só corpo relacional. Uma experiência singular e intransferível.


O Resgate dessas experiências individuais se iniciam no diálogo interno do sujeito. A continuação deste Resgate pode ser vivenciado dentro de um ambiente coletivo que favoreça a interação e a troca de experiências. A reunião em grupo dos cavaleiros, que tiveram diversas vivencias juntos a cavalo – desta vez sem os cavalos – propiciam continuar o diálogo iniciado na experiência com a equitação. Iniciar um diálogo no ambiente coletivo pode ser comparado uma mudança de canal, um novo suporte para se dialogar. O discurso interno do sujeito passa a existir fora dele, mas dentro de uma coletividade. Isto exige do sujeito uma ativação de uma nova organização do discurso, que desta vez pode ser respondido, acrescentado de modos inusitados pelos outros cavaleiros. O que antes podia ser visto como uma sensação e uma memória visual e muscular individual e interna se torna expressão de fala, discurso. Este encontro grupal pode ser um estimulo à valorização das imagens e dos sentimentos experimentados pelo sujeito durante a equitação. Com esta mudança de canal de expressão sobre a percepção da própria experiência, estimula-se a sedimentação e a construção de conhecimento do indivíduo e da coletividade. Nesta experiência de Resgate coletivo não se busca um consenso, nem um conhecimento fixado de moral, o que se valoriza é a conscientização da própria experiência corporal e individual. A interação dentro de um ambiente de grupo, que tem em comum um mesmo tipo de experiência (eqüestre), potencializa a memória e propicia insights criativos sobre questões diversas. Tudo isto propicia uma valorização do individuo e de suas experiências, assim como, modos mais profundos de construção de conhecimento e compartilhamento coletivo. A auto-estima é valorizada neste percurso, assim como a relação inter-espécies e a inter-relação coletiva.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Novas imagens e possibilidades a partir da equitação



"... o que é produtivo não é sedentário, mas nômade. "

(Foucault, Uma introdução à vida não fascista, pref. à ed. norte-americana de O Anti-Édipo.)



A arte de moldar frases tem como equivalente uma arte de moldar percursos.

Michel de Certeau


Fazer da experiência imagem e filosofia, fazer da filosofia experiência e imagem e fazer da imagem a filosofia da experiência estética.