quinta-feira, 11 de junho de 2009

Arquearia Nômade e a História Viva



A prática do arco e flecha a cavalo desenvolvida pelos antigos povos nômades ficou restrita ao longo do tempo a apenas uma parte do mundo, a Ásia Central. Na atualidade esta atividade voltou a ser exercida como uma possível ramificação da prática da equitação, conhecida como arquearia montada. Por ter sido atualizada na contemporaneidade, a arquearia a cavalo integra diferentes estilos de vida: o dos povos nômades da antiguidade e o dos povos sedentários da atualidade. Esta mistura de estilos de vida pode ser uma fonte de criatividade e de novas formas de cultura. Para que a arquearia montada se reproduza nos moldes da antiguidade é necessário que haja uma espécie de adaptação; a prática do arco e flecha na forma como era executada pelos povos nômades do passado, ressurge na atualidade como uma renovação da experiência do equitador moderno. Trata-se de uma atividade que vai além de simplesmente importar a identidade dos povos nômades para a atualidade, mas de produzir uma elaboração imaginativa que possa produzir cultura e novas experiências. A equitação ao estilo dos povos nômades da antiga Ásia Central possibilita que o equitador experimente esta vivência em seu corpo e sua psique.

A arquearia a cavalo também utiliza técnicas próprias e incentiva modos intuitivos de ação com o arco e flecha. As habilidades no uso do arco e flecha sobre um cavalo em movimento são adquiridas através de exercícios específicos. A arquearia montada está sendo praticada nos tempos atuais como uma espécie de “resgate do passado”; esta prática “sai” dos livros de História e passa e ser experimentada pelas pessoas que desejam e sentem afinidade com este estilo de esporte. A arquearia montada desenvolvida na Escola Desempenho de Equitação, no Rio de Janeiro, Brasil, é baseada na experiência dos equitadores desta escola e nas pesquisas de Bjarke Rink, responsável pela escola. Os arqueiros montados a cavalo dos tempos atuais revivem a experiência dos antigos povos nômades. Esta experiência permite uma atualização da arquearia antiga não de modo teórico, mas como uma experimentação prática da atividade. Esta é uma forma de se contrapor a um dos problemas mais freqüentes na sociedade contemporânea, que não costuma abrir espaços para encontrar uma memória viva. Esta prática parte do pressuposto de que a memória seja algo que possa ser vivenciada no corpo e no momento imediato, pois a memória também se faz presente na ação e na relação com outros seres vivos.


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